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26 de abril de 2011

Dirigir ficou chato!!!

Dirigir ficou chato.
E digo isso porque aprendi a dirigir e fazer disso uma diversão, um hobby, um lazer. Não no sentido de correr, fazer rachas ou essas loucuras que vemos por aí hoje em dia.
Quando tirei minha habilitação, não era obrigatório o uso do cinto de segurança. Isso lhe permitia dirigir com a namorada beeemmm perto de você, abraçadinha, quase no seu colo. Hoje, isso é infração de trânsito, pois para fazer essas peripécias, não se usava o cinto de segurança. Além disso, você tinha que dirigir com apenas uma das mãos, já que a outra estava envolvendo ternamente sua amada...  hoje em dia: mais uma multa!
Naquela época, era possível dirigir paquerando as gatinhas nas calçadas; hoje, temos que guiar com um olho no velocímetro e outro nos pardais. Qualquer descuido, outra multa!
E dirigir com a janela aberta, braço pra fora, “cabelos ao vento”?!? Acabou esse lazer também... além de infração, corremos o risco de sermos assaltados. Então nos restam vidros fechados, película fumê (a mais escura possível – torcendo para o Detran não encrencar) e ar-condicionado. Hermeticamente fechados num habitáculo alheio ao mundo externo, destinado a levar e trazer pessoas, sem qualquer sentimento ou possibilidade de diversão.
Isso sem falar no stress atual, pessoas mal-educadas, agressivas, que fazem do carro uma arma. Não existe mais gentileza no trânsito... não existe cortesia... ou seja; dirigir ficou muito chato, mesmo!!

15 de abril de 2011

Brasília: A Capital do Terceiro Milênio ou a Cidade Petrificada dos Anos 60?

Fotos por Mauricio Malcher
Brasília completou 51 anos de idade. É impossível não se deixar seduzir pelo trocadilho, mas seria uma boa idéia começar a repensar o futuro da capital de nosso país. 
Sou um brasiliense típico, nascido na árida região do planalto central entre os paralelos 15º e 20º, onde D. Bosco sonhou que surgiria uma grande civilização em uma terra prometida, vertendo leite e mel de uma riqueza inconcebível. 
Acompanhei o crescimento da cidade que foi planejada para, no ano 2000, ter 500 mil habitantes. Atingiu essa cota em 1970 e no ano 2000 já tinha 2 milhões de pessoas vivendo no Plano Piloto e nas cidades satélites. Hoje são 2,7 milhões. Contudo, esse crescimento não foi previsto pelos visionários que conceberam o projeto inicial da cidade.  
Em dezembro de 1987, a cidade foi tombada pela UNESCO como patrimônio histórico e cultural da humanidade. Porém, o tombamento ENGESSOU uma cidade com pouco mais de duas décadas de existência. Algumas dessas aberrações se traduzem, por exemplo, nos acidentes fatais que ocorrem com freqüência no Eixão. Isso porque não se pode promover qualquer implementação de segurança, separando as faixas de rolagem por uma mureta de segurança, haja vista não estar prevista no Plano Diretor. Em que pese tal restrição, foram feitos estudos e diversas reuniões com entidades e autoridades "entendidas". Em 2010 estava tudo pronto e acertado para construção das muretas, mas o ancião de 101 anos, que não vive o dia-a-dia de Brasília, por intermédio de uma carta endereçada ao então Governador José Roberto Arruda, vetou à distância as muretas.
O transito no Eixo Monumental, principalmente na altura do Palácio do Buriti é caótico, porque não se pode construir um recuo para os ônibus pararem ao embarcar e desembarcar passageiros. Seria uma solução simples a construção de uma pequena faixa de acesso às paradas de ônibus, mas isso também contraria o Plano Diretor que não as previa.
Isso sem se falar nas super-quadras que são fechadas. Planejadas para abrigarem clubes de vizinhança, hoje causam um transtorno enorme para quem precisa ir para casa.
As construções de edifícios não prevêm um numero de vagas suficientes para que, quem vai ali trabalhar ou mesmo utilizar-se dos serviços oferecidos naquele prédio, possam estacionar seus carros.
Mesmo assim, hoje parte dos veículos é obrigada a parar em locais onde teoricamente seria proibido. Aliás, o numero de carros aumenta na proporção inversa ao surgimento de novas vagas mas diretamente proporcional ao aumento de placas de “proibido estacionar”.
Assim, no limiar de seus  cinqüenta e um anos de idade, Brasília precisaria adequar-se à sua realidade. Coordenar ações que permitam a cidade crescer, sem ferir o que JK realmente idealizou – Brasília a Capital da Esperança precisa de pequenas alterações no projeto inicial de Lucio Costa, para que seja realmente a capital do terceiro milênio.

5 de abril de 2011

A boa e velha imprensa

A cada dia que passa, eu me surpreendo mais e mais com a “capacidade” de inovação dos jornalistas brasileiros. De tanto ver as matérias se repetirem, de tanto serem previsíveis as pautas, as reportagens e os chavões, me coloco ao lado do STF que decidiu que, para ser jornalista, não é necessário diploma. É claro que não precisa!

Se o candidato a neófito periodista souber minimamente escrever, concatenar idéias e tiver boa percepção para buscar noticias, não precisa ser diplomado.

E mais, se souber requentar matérias repetidas à saciedade em todos os meios de comunicação, por anos e anos a fio, estará bem encaminhado na carreira. Querem um exemplo? Feriados prolongados: repetem-se as matérias com chamadas tipo: “Policia Rodoviária intensifica fiscalização nas BR’s no inicio do feriadão!”; ou então: “Listas de material escolar mais caras este ano: é preciso pesquisar para economizar!”. Outra que era recorrente quando ainda existia a convocação extraordinária do Congresso Nacional. A cada nova convocação a velha matéria: “...para deliberarem sobre essas matérias os parlamentares onerarão em dezenas de milhares de reais os cofres públicos...”. Com a extinção das convocações extraordinárias, muito repórter deve ter perdido emprego...

Alem disso, as TV’s usam um chavão extremamente previsível: logo após colocarem no ar uma tragédia climática qualquer – enchente no sul do país, seca no nordeste, furacão na Ásia – trazem em seguida o boletim de previsão meteorológica.

Outra coisa que incomoda é a mania (talvez ranço dos bancos escolares) de se utilizar todos os verbos no pretérito imperfeito. Tudo bem; não se pode acusar sem ter provas; não se pode levar ao ar uma matéria dizendo, fulano fez ou beltrano furtou. É mais prudente o chavão “teria feito” e “teria furtado”. Mas quando a notícia é evidente e fulano e beltrano efetivamente fizeram e furtaram? Porque não colocar no afirmativo, uma vez que até mesmo a imagem mostra o óbvio ululante?

Mas a pior de todas é aquela frase que fecha muitas das notícias sobre políticos, empresários e afins que são flagrados em mensalões, esquemas de propinagem, etc. Após discorrer sobre o fato de que fulano teria recebido propina e beltrano teria fraudado uma licitação, o repórter, o apresentador ou até mesmo o respeitável âncora enche a boca para dizer: “procurado pela reportagem do Jornal XX, fulano disse que nunca recebeu nada e beltrano negou as acusações”...

A grande revolução da imprensa ocorrerá quando esse fecho de matéria informar: “fulano e beltrano CONFIRMARAM as acusações e mais: disseram que não foi só isso; FOI MUITO MAIS!!!”

Data venia aos meus amigos do ramo mas, assim é muito fácil ser jornalista!