Recentemente tem causando uma
grande comoção no seio da comunidade feminina o livro Cinquenta Tons de Cinza, que trata da relação de um bilionário e
uma estudante de literatura. Mas, com franqueza, não sei porque tanto alarde. O
tema SEXO (em todas as suas versões transversas) já é abordado na literatura (e
também no cinema) há muito tempo, não se explicando tamanho furor.
No livro, as peripécias sexuais
narradas entre o “excêntrico” Christian Grey (excêntrico porque é rico pois se
não fosse, seria louco, maníaco, bipolar, etc.) e Anastasia não divergem muito
do que já se tem visto ou lido nos últimos anos.
Literatura para donas de casa,
como os periódicos Sabrina ou Júlia, já abordavam a sacanagem de uma maneira
aberta e explícita. Do mesmo modo, a revista NOVA, até onde sei, traz em suas
páginas diversos relatos de altas putarias, sem que se meçam as palavras ou as
linguagens metafóricas (e metadentricas também).
Na década de 90, o cineasta Adrian Lyne dirigiu o tão
instigante quanto erótico 9 e ½ Semanas de Amor, lançando para o mundo a
deliciosa Kin Basinger e o canastrão Mickey Rourke. Na trama, Elizabeth (Kim
Basinger) é uma bela e sexy mulher que trabalha em uma galeria de arte e se
envolve com John (Mickey Rourke), um rico homem, que a seduz e começa a
praticar jogos sexuais cada vez mais intensos.
Quem não se lembra da cena da geladeira, onde ele venda os
olhos da moça e pratica uma verdadeira suruba gastronômica embalada pelo hit “Slave to Love” ?!? Olha aí a
mensagem subliminar...
Ah, para quem não conhece o diretor, ele foi responsável
também por outros filmes com um toque de sacanagem soft como Proposta Indecente (1993),
Lolita (1997) e Infidelidade (2002), tão
instigantes e pervertidos como o que o atual livro pretende ser.
Acho que o que incita a curiosidade das leitoras é esse jogo
de poder, mas que já fora tratado, também em outros filmes/livros. Não fosse
essa a$$cendência do multimilionário sobre a moça, as sessões de BDSM só seriam
legais e toleráveis até a página três do manual prático feminino.
Aliás, como disse o “Casseta”
Marcelo Madureira, “queria ver se ele (Christian) fosse caixa de banco e se
chamasse Agenor se a moça daria moral pra ele?”.
E pior, se não fosse rico, era
capaz de enquadrá-lo na Lei Maria da Penha!!!
Vejam que a heroína das palmadas
no traseiro era virgem ao conhecer o homem das algemas e do chicote; ou seja,
não tinha qualquer experiência de vida, pois se tivesse, ela é que cobriria o
fanfarrão cheio da grana de porrada!!! Que o diga algumas amigas minhas que já
estão na idade da loba.
Por fim acho que esse livro
melhor se chamaria se fosse 50 Tons de
Roxo, ou Os Lilases do Amor,
afinal como já dizia o mestre Nelson Rodrigues “toda mulher normal gosta de
apanhar”; sendo tal frase mais tarde parafraseada e utilizada no cancioneiro
funk-popular: “um tapinha não dói, só um tapinha não dói...”