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23 de novembro de 2012

Cinquenta tons de Roxo



Recentemente tem causando uma grande comoção no seio da comunidade feminina o livro Cinquenta Tons de Cinza, que trata da relação de um bilionário e uma estudante de literatura. Mas, com franqueza, não sei porque tanto alarde. O tema SEXO (em todas as suas versões transversas) já é abordado na literatura (e também no cinema) há muito tempo, não se explicando tamanho furor.
No livro, as peripécias sexuais narradas entre o “excêntrico” Christian Grey (excêntrico porque é rico pois se não fosse, seria louco, maníaco, bipolar, etc.) e Anastasia não divergem muito do que já se tem visto ou lido nos últimos anos.
Literatura para donas de casa, como os periódicos Sabrina ou Júlia, já abordavam a sacanagem de uma maneira aberta e explícita. Do mesmo modo, a revista NOVA, até onde sei, traz em suas páginas diversos relatos de altas putarias, sem que se meçam as palavras ou as linguagens metafóricas (e metadentricas também).
Na década de 90, o cineasta Adrian Lyne dirigiu o tão instigante quanto erótico 9 e ½ Semanas de Amor, lançando para o mundo a deliciosa Kin Basinger e o canastrão Mickey Rourke. Na trama, Elizabeth (Kim Basinger) é uma bela e sexy mulher que trabalha em uma galeria de arte e se envolve com John (Mickey Rourke), um rico homem, que a seduz e começa a praticar jogos sexuais cada vez mais intensos.
Quem não se lembra da cena da geladeira, onde ele venda os olhos da moça e pratica uma verdadeira suruba gastronômica embalada pelo hit “Slave to Love” ?!? Olha aí a mensagem subliminar...
Ah, para quem não conhece o diretor, ele foi responsável também por outros filmes com um toque de sacanagem soft como Proposta Indecente (1993), Lolita (1997) e Infidelidade (2002), tão instigantes e pervertidos como o que o atual livro pretende ser.
Acho que o que incita a curiosidade das leitoras é esse jogo de poder, mas que já fora tratado, também em outros filmes/livros. Não fosse essa a$$cendência do multimilionário sobre a moça, as sessões de BDSM só seriam legais e toleráveis até a página três do manual prático feminino.
Aliás, como disse o “Casseta” Marcelo Madureira, “queria ver se ele (Christian) fosse caixa de banco e se chamasse Agenor se a moça daria moral pra ele?”.
E pior, se não fosse rico, era capaz de enquadrá-lo na Lei Maria da Penha!!!
Vejam que a heroína das palmadas no traseiro era virgem ao conhecer o homem das algemas e do chicote; ou seja, não tinha qualquer experiência de vida, pois se tivesse, ela é que cobriria o fanfarrão cheio da grana de porrada!!! Que o diga algumas amigas minhas que já estão na idade da loba.
Por fim acho que esse livro melhor se chamaria se fosse 50 Tons de Roxo, ou Os Lilases do Amor, afinal como já dizia o mestre Nelson Rodrigues “toda mulher normal gosta de apanhar”; sendo tal frase mais tarde parafraseada e utilizada no cancioneiro funk-popular: “um tapinha não dói, só um tapinha não dói...” 

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