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17 de abril de 2012

São todos Morangos...

Tenho visto os acontecimentos políticos da história recente de nosso país* e chego à conclusão de que a política é como uma caixinha de morangos e os políticos são os próprios morangos. Porque?


Quando você vai ao mercado e compra uma caixinha de morangos, como é que ela se apresenta ao consumidor? Os maiores, os melhores e mais bonitos frutos estão por cima. Quando você abre, mexe e remexe, descobre que logo mais abaixo estão os frutos feios, podres ou apodrecendo. 


A política não é diferente. E os políticos, tampouco! Despontam bonitos, viçosos e cheios de boas intenções, como os frutos que preenchem a primeira linha da caixinha. Mas por de trás disso, dessa fachada, mostram-se putrefatos, despudoradamente podres, insistindo em esconder os seus malfeitos. Sim, malfeitos**, por que se fossem “bem feitos” estariam sendo ostentados, exibidos e alardeados como os melhores morangos do mercado. 


E não adianta mudar a safra de morangos. Entra ano, sai ano, a produção é sempre igual. As safras se sucedem, assim como se sucedem os partidos políticos na liderança do país.


E se as caixinhas vêm com mais ou menos morangos podres, vão dizer que a culpa é da safra anterior, que deixou uma “herança maldita” ou coisa similar. “Meus morangos são podres, mas os seus são mais podres”; dizem, querendo justificar seus malfeitos com os “mais malfeitos” de outros.


Estamos diante de um momento crítico para as principais instituições públicas do país. O Congresso prepara-se para instaurar uma CPMI, a partir de denúncias que ligam o senador Demóstenes Torres do DEM/GO ao famigerado contraventor Carlinhos Cachoeira. Além disso, existem indícios de que essa perigosa relação se estende também o Governo de Goiás.


Esses fatos são um prato cheio para o governo petista, que tenta a todo custo retardar o julgamento do mensalão no STF ou mesmo incutir na sociedade civil um sentimento de que o mensalão nunca existiu, que é uma ficção ou ainda, uma invenção da “imprensa golpista”. Do mesmo jeito que os aloprados que forjaram um dossiê contra candidatos direitistas, ou os dólares na cueca; etc, etc., etc... 


Tudo isso tentam, a todo custo, nos fazer acreditar que não ocorreu, ou que seu realmente existiu, são coisas de menor importância.


Pois bem, meus amigos; a verdade é que a privataria tucana, o leilão das teles e o Banco Opportunity, a quebra do monopólio da PETROBRÁS, o SIVAN e o PROER, o escândalo dos precatórios, da compra de votos para aprovação da emenda da reeleição, o mensalão do Azeredo e do DEM em Brasília; as ligações espúrias do Demóstenes com o Cachoeira que também tem ligação com o Marconi Perillo, de Goiás; tudo isso existe e existiu. 


E TUDO ISSO faz assoberbar de morangos podres as caixinhas da administração tucano-democrata direitista.


Mas, assim como tudo isso de fato ocorreu, também existiu na administração petista o escândalo do mensalão e toda a podridão que pulula as caixinhas de morango da estrela vermelha, como aqueles tantos escândalos que se sucedem diuturnamente no Brasil, como as recentes quedas de ministros de estado. 


Essas mazelas respingam no Judiciário, ou pelo menos podem respingar. Terá o Supremo Tribunal Federal isenção suficiente para analisar o processo do mensalão, haja vista que seis dos onze ministros que integram a Suprema Corte brasileira terem sido nomeados durante o Governo Lula? A iniciar-se pelo Ministro Dias Toffoli, aguerrido advogado do PT durante as campanhas eleitorais de 1998, 2002 e 2006. Terá ele isenção de espírito para julgar imparcialmente o processo do mensalão? Somente o tempo dirá...


E a Procuradoria Geral da República, na pessoa do Roberto Gurgel, sentado desde 2009 sobre as denúncias contra o Senador Demóstenes, repetindo os erros do folclórico Geraldo Brindero, chamado de “engavetador geral da república” na era FHC.


Recente reportagem aponta a existência de 4.346 parados sobre a mesa do procurador-geral da República, que fica inerte diante das acusações encaminhadas pela Polícia Federal, o que atrapalha as investigações contra políticos acusados de corrupção


Ou seja, na verdade, SÃO TODOS MORANGOS, de safras diferentes, de caixinhas diferentes, de diferentes esferas de governo, que se alternaram e se alternam no poder e se locupletaram dele. Apresentam-se inicialmente bonitos e cheios de vicissitudes, mas quando você abre a caixinha, vasculha a fundo, mostram-se todos podres e inservíveis para o consumo.

*Ao contrário de muitos, minha memória política vai além das últimas eleições realizadas ou dos últimos mandatos políticos. Eles passam, a podridão fica.
** Aparente neologismo ou sinônimo dado a canalhice, roubalheira sórdida e outras podridões, que se fossem feitas de maneira a não deixar vestígios, não seriam maleitas.